"Poema à boca fechada" foi a nossa escolha textual.
Após uma primeira leitura ficamos atordoados do quão duras, más, frias são as palavras proferidas, mas ao mesmo tempo nem sabemos ao certo o que quer transmitir.
Após uma segunda leitura, sem dúvida alguma, que começamos a entrar no mundo criado por Saramago. Ele diz-nos "não direi" vezes sem conta. Diz-nos isso, porque quando fala é ignorado, esquecido, gozado ou criticado. Está farto! Prefere a resignação, o isolamento, o silêncio.
Na verdade, quem não o ouve não merece sequer ouvir da sua boca o que pensa. É incompreendido e por isso vive sufocado com o seu pensamento.
Finalmente no último parágrafo ele expressa uma opinião. Esta opinião é a que só merece o bem e a sua atenção, aqueles que no momento que ele se calou fizeram o mesmo. Sintetizando, ele expressa que quem tomou a mesma atitude que ele próprio, é quem verdadeiramente compreende o ideal dele e merece ser ouvido. Por isso mesmo, esse anónimo não deve morrer "sem dizer tudo". Esta pessoa sim, segundo o sujeito poético, merece ser tão ouvida quanto ele, porque realmente compreende a vida da mesma maneira, entendida como a maneira correta.
É inacreditável como um poema pode conter uma carga emocional tão grande. Esta característica pode ser uma mais valia por contermos variadíssimos pontos por onde começar a trabalhar. Mas, por outro lado, tem tanto a transmitir que torna o nosso papel difícil, pois com letras e a sua estética temos que tocar no coração humano e transmitir os sentimentos que este poema transpõe, sem que não seja preciso a leitura das palavras. A estética tem que falar por si.
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