Projeto #2

O que consiste?

O segundo projeto da Unidade Curricular de Design e Comunicação Visual consiste na elaboração de uma tipografia. Os objetivos desta proposta passam por entender a letra como matéria visual de representação fónica e como grafismo autónomo da sua função textual, reconhecer a capacidade de materializar conceitos,"dar forma" como uma característica da forma humana, entender a importância dos estudos de composição como forma de conhecimento específico necessário à produção de discursos visuais. No fundo, entender tipografia enquanto linguagem capaz de transmitir emoções para além das palavras faladas que simboliza.
Primeiramente, foram-nos dados alguns conceitos base acerca da história da tipografia, de autores relacionados e de exemplos dela. Assim, as nossas primeiras publicações terão a ver com a parte mais teórica do projeto.
Numa segunda parte, partimos para a rua à procura de letras bem escondidas, que são tímidas em aparecer ou então, apenas, aquelas extrovertidas que se metem com todos. Pegamos no nosso telemóvel e câmara e partimos à captura destas nossas amigas. Ficamos assim, com a nossa recolha fotográfica.
Numa terceira parte, iremos selecionar o texto que queremos tratar. Aliado a este iremos fazer uma pequena reflexão sobre que mensagem e sentimentos este transmite.
Por último, iremos partir para a elaboração da tipografia propriamente dita e a memória descritiva que descreve todos os processos que passamos até chegarmos ao resultado final.

Isto tudo, porque:



"Words have meaning, type has spirit"
                                                                                        Paula Scher








Tipografia?! Quem é? Quando nasceu? Nós vamos contar-te a sua história!


Bem, ela chama-se tipografia. Se a quiserem decompor significo forma-"typos" e escrita "graphein", ou seja é a arte e processo de criação da composição de um texto. Não lhe perguntem a idade, é uma lady, mas posso-vos dizer que conheceu de perto os hieróglifos egípcios, ora bem, ela não , os seus antepassados. Mas já vos conto toda a sua história, daqui a um bocadinho.

A tipografia como a vemos hoje, não simboliza a tipografia existente `umas décadas atrás. A composição tipográfica simbolizava para Joaquim da Fonseca : "a maneira como os tipos são selecionados, montados e organizados para formar palavras, sentenças, parágrafos e páginas, é um processo que por mais de 500 anos não foi modificado. Embora naturalmente tenha sido aprimorado, tanto no desenvolvimento da tecnologia como na metodologia de procedimentos, em sua essência a composição de textos continua a mesma".

"No tengo el don de expresarme sólo conlas palabras, sin caligrafía, sin dibujo; por eso ahora he consignado en un libro las grandes líneas de mi enseñanza." , Adrian Frutiger.

O mesmo escritor afirmou que:

" El nascimiento de la escritura, esa lenta simplificación de los trazos primitivos que desemboca en el signo y fija las lenguas, siempre me ha fascinado. El signo, entanto que firma, emblema o señal, tabién me atraía. En seguida e decanté or el símbolo, ese signo exremadamente simplificado y, sin embargo tan denso. Esta doble tracción me llevó a la creación de logotipos, imágenes de marca, en los que el signo y la letra están estrechmente ligados."

Apesar do conceito ter evoluído apresenta traços em comum: apresenta a organização de letras de modo a criar algo visualmente agradável e que nos faça remeter para o sentir relativamente ao que nos é transmitido pelo sentido literal das palavras. E , muito embora os tipos já não sejam utilizados a mecânica de pensamento que nos remetia para a sua distribuição está agora presente no modo como organizamos as componentes das "letras" para formar uma tipografia bem elaborada.

A tipografia é das mais belas invenções da história e anda com vocês por todo o lado. Querem ver? Abram o vosso monitor de computador, não me vêem lá, olhem para etiquetas, cartazes, embalagens, ecrãs de televisão, nos aeroportos, reclames luminosos, logótipos...Pois, afinal sempre a conheceram, bem estava apenas tímida em se apresentar.

E sabem, há muitos famosos que falam tão bem dela, às vezes até a fazem  corar. Talvez a ocasião que mais me chamou a atenção foi num documentário do fotógrafo francês Henri Cartier- Bresson. Este mestre do seu ofício falou da tipografia e disse:

  "A tipografia deve ser o gosto pelas formas das letras".

A verdade  é que é muito sedutora também. As letras seduzem e ela adora contaminar as outras pessoas com o especial prazer que é descobrir, conhecer e aplicar belas, expressivas e eloquentes formas de letras.

Ah, e aqui fica o vídeo do qual falaram tão bem de da nossa querida tipografia: 




Fazendo um Throwback no tempo

Tal como vimos nas aulas dadas pelo docente desta Unidade Curricular, para falarmos de tipografia temos que viajar no tempo e falar noutro conceito que lhe serve de base que é a escrita caligráfica.


Então sabemos que as primeiras imagens escritas registadas foram os pictogramas.




Pictograma


De seguida, apareceram símbolos que representam diretamente um conceito, coisas, objetos, palavras ou frases. A esses símbolos chamam-se ideogramas.



Ideograma


O tempo foi passando e surgiram os hieróglifos, que são imagens que representam símbolos ou sons.


Hieróglifos


E, finalmente apareceu a escrita com as primeiras letras. Para estudar esta evolução, dividimos este aparecimento em três civilizações distintas: os romanos, os egípcios e os fenícios.

Egípcios- 1500 a.c - aparecimento do alfabeto fonético de 23 a  24 caracteres 

Fenícios - 1000 a.c. - adaptação do alfabeto egípcio que começa a ganhar superioridade em relação aos pictogramas.
                1200 a.c - desenvolveram o seu próprio alfabeto 

Alfabeto Fenício




Gregos- primeiro registo escrito do alfabeto fonético grego



Alfabeto fonético grego
Romanos - primeiro registo escrito do alfabeto fonético romano


Alfabeto fonético Romano


Caroline Minuscule -  caligrafia desenvolvida durante a Idade Média com intuito de se tornar o padrão cligráfico europeu. O objetivo desta caligrafia era ornar o alfabeto mais claro, uniforme par aque torna-se padrão a nível europeu. O seu criador foi Carlos Magno entre finais do século VIII e início do século IX. 



Caroline minuscule


Gutenberg  - no ano de 1440 inventou o primeiro tipo móvel necessário à imprensa. Em 1455 escreveu o primeiro livro impresso uma bíblia de 42 páginas. Não satisfeito com os feitos alcançados cria o primeiro tipo de letra  "Gothic Black Letter". A imprensa depressa se alastrou para países próximos da Alemanha. Em Portugal, a primeira imprensa surge em Faro, em 1487.



Gavetas com variados tipos móveis





Tipo de letra "Gothic Black Letter"



Nicholas Jenson - foi aprendiz de Gutenberg e criador do primeiro tipo de letra romana, no ano 1450. Este tipo de letra é conhecida como sendo mais leve e por isso utilizada em ocasiões formais.


Tipo de letra romana


Geoffroy Tory - designer francês conhecido por ter acrescentado acentos à escrita francesa, 1480.Deu importância ao próprio design das letras e considerava que elas deveriam transmitir as formas do corpo humano.

Semelhanças de letras com o corpo humano





Claude Garamond - no ano de 1490, criou uma série de sinais de pontuação que acrescentou, tal como Geoffroy Tory, à escrita francesa. Teve na base da criação de diversos tipos de letra, assim como influenciou outros.




Tipo de letra Garamond



Aldus Manutius e Francesco Griffo - introduziu o modo Itálico, assim como o livro de bolso. Marcou o ano 1500.



Itálica




Pierre Simon Fournier - Marcou o ano 1712. Estudou tudo a padronização, medição de tamanhos de tipo e criou as iniciais e ornamentos, Teve influência na criação dos tipos de letra Fournier & Narcissous.





Fournier



John Baskerville - Se pensarmos bem, ainda não tinhamos falado em quem criou margens, entrelinhamento, espessuras. Ora aqui temos, John Baskerville. Além disso, criou a sua própria fonte Baskerville.


Bakerville

Modern


Didot- criador da primeira typeface moderna




Didot



Bodoni - eleva as typefaces a outro nível, acrescentando-lhe mais modernidade: cria linhas grossas finas, orientação vertical e sem serifa.



Bodoni


Swiss Modern


Eric Gill - aparece a tão famosa Gill Sants. É inovadora por o seu estilo "clean", simples e sofisticado.


Gill Sants



Paule Renner - criador da Futura.


Futura


Contemporary


Victor Lardent - designer no jornal "The Times". Criou, em 1932, o tipo de letra Times New Roman de forma a poupar espaço e para uma melhor organização do jornal.




Times New Roman


Max Miedinger & Eduard Hoffmann - Marcaram o ano de 1957 pela criação da Helvetica.



Helvetica


Adrian Frutiger - criador da Univers, em 1961. Ao todo criou mais de 25 fontes.



Univers


Joel Kaden & Tony Stan - No ano de 1974, criaram a famosa tipografia American Typewriter




American Typewritter

Resumo



Evolução da tipografia


Bibliografia
HEITLINGER,Paulo. "Tipografia. Origens, formas e uso das letras". Dinalivro, Lisboa, 2006

KUNZ, Willi. "Tipografia: macro y microestética". Editorial Gustavo Gilli, SA, Barcelona, 2003

FRUTIGER, Adrien. "En torno a la tipografía". GG Diseño, Barcelona, 2002

FONSECA, Joaquim da. "Tipografia e design gráfico". Bookman, Brasil, 2008





E que tal uma sessão de cinema? Escolhi a "Anatomia da Tipografia"! Let's go!


Tipografia





Famílias de tipografia 






Fontes








Partes constituintes dos caracteres e propriedades das fontes
A vermelho encontram-se os caracteres constituintes das fontes e a cinzento as propriedades das fontes





Os 10 mandamentos da tipografia
A tipografia, hoje em dia, faz parte do quotidiano de todos os indivíduos, mesmo que apenas seja para a elaboração de um cartaz escolar,ou um slide para uma apresentação. Foi neste contexto de facilitar a aprendizagem desta área do design que Evan Brown criou uma infografia com os 10 mandamentos da tipografia.




 




Fontes com serifas 








Fontes sem serifa






Fontes com serifa vs Fontes sem serifa 





Leading 



Kerning




Tracking





Kerning vs Tracking




Ligaduras 



Psicologia das fontes

Que tipo de letra usar e para que contexto? Esta imagem explica tudo! 
Por vezes fazemos um cartaz e parece que não fica com o efeito que queremos e o texto está incrível. Pois, o problema é que o "desenho" das letras também fala e é preciso uma coerência entre o texto e o design dele para que a comunicação seja bem sucedida!




A sociedade de "letras"

Eu e a Daniela partimos à descoberta do universo"letrário"do Porto. Numa bela tarde fizemos o percurso de Pólo de Ciências da Comunicação à Ribeira. Foi uma espetacular!
 Entramos no universo das letras (elas deixaram-nos!), e qual foi o nosso espanto de encontrarmos tantas com posicionamentos diferentes na sociedade e com personalidades completamente distintas. Fiquem connosco e embarquem nesta aventura! 3,2,1 ação!!!!


Chiques












Divertidas













Empresários















 Profissionais de ciências exatas


















Crianças



































Velhinhas














Magrinhas














Cidadãos Comuns com a sua diversidade






















Dinâmicas













 Fofinhas










Digitais









Serifadas 
(Sempre tão cansadas que precisam sempre de ter um suporte)

















Futuristas 






Escolha do texto


Nesta etapa foi-nos proposta a escolha de um texto que poderia ser um artigo, uma notícia ou um poema. O objetivo é que com este texto desenvolvamos uma composição com elementos tipográficos. A letra tem de adquirir um valor estético e simbólico para além do seu valor semântico, ou seja, o conteúdo do texto tem de ser percetível pela sua composição visual e não apenas pelo significado das palavras.
A partir do momento que soubemos da finalidade do texto, chegamos à conclusão de que sem dúvida um texto poético seria o que transmitiria uma maior carga emocional e que nos traria melhor conteúdo para elaboramos uma tipografia que fosse marcante.
Assim, começamos por elaborar uma pesquisa desses conteúdos. Primeiramente, selecionamos quais os autores com o qual nos identificamos e seguidamente observamos trabalhos realizados pelos mesmos. Por fim, escolhemos o poema que mais nos tocou e que, na nossa opinião, tinha imenso potencial de ser trabalhado numa tipografia.
Assim, o texto que acabamos por optar foi o "Poema à boca fechada" de José Saramago.
Este poema traz à superfície emoções fortes tais como revolta, incompreensão, negação que podem ser facilmente representadas por via de uma composição tipográfica. 

Aqui fica o poema: 



Poema à boca fechada


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e me amordaça.
Calado estou, calado estarei,
Pois que a língua que falo é doutra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vasa de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaça,
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago



O poema e as emoções



"Poema à boca fechada" foi a nossa escolha textual.
 Após uma primeira leitura ficamos atordoados do quão duras, más, frias são as palavras proferidas, mas ao mesmo tempo nem sabemos ao certo o que quer transmitir.
 Após uma segunda leitura, sem dúvida alguma, que começamos a entrar no mundo criado por Saramago. Ele diz-nos "não direi" vezes sem conta. Diz-nos isso, porque quando fala é ignorado, esquecido, gozado ou criticado. Está farto! Prefere a resignação, o isolamento, o silêncio. 
Na verdade, quem não o ouve não merece sequer ouvir da sua boca o que pensa. É incompreendido e por isso vive sufocado com o seu pensamento. 
Finalmente no último parágrafo ele expressa uma opinião. Esta opinião é a  que só merece o bem e a sua atenção, aqueles que no momento que ele se calou fizeram o mesmo. Sintetizando, ele expressa que quem tomou a mesma atitude que ele próprio, é quem verdadeiramente compreende o ideal dele e merece ser ouvido. Por isso mesmo, esse anónimo não deve morrer "sem dizer tudo". Esta pessoa sim, segundo o sujeito poético, merece ser tão ouvida quanto ele, porque realmente compreende a vida da mesma maneira, entendida como a maneira correta. 
É inacreditável como um poema pode conter uma carga emocional tão grande. Esta característica pode ser uma mais valia por contermos variadíssimos pontos por onde começar a trabalhar. Mas, por outro lado, tem tanto a transmitir que torna o nosso papel difícil, pois com letras e a sua estética temos que tocar no coração humano e transmitir os sentimentos que este poema transpõe, sem que não seja preciso a leitura das palavras. A estética tem que falar por si.




Da idealização à concretização



Sensações que o poema provoca
Possibilidades de representação das emoções através da cor e da letra

Revolta



Letra reta, sem floreados nem curvaturas


Cor preta
(sentimentos negativos que não podem ser expressos)



Cor Vermelha
(o “não direi”, o não se querer expressar, o impedimento)



Cor cinzenta
(coisas persuasivas, fluidez)



Texto escrito usando linhas retas
(tudo o que remete para sentimentos negativos e fortes)



Texto usando linhas curvas
(o que remete para a fluidez)


Jogo de cores entre branco e preto
(o choque entre duas cores opostas cria impacto, choque e visualmente chama à atenção do observedor)

Incompreensão


Isolamento


Solidão


Firmeza


Negação


Desprezo


Sufoco


Impedimento






































Psicologia da cor



Na aula passada a "Psicologia da cor" foi o tema abordado pelo professor. Sinceramente, paranós, foi dos temas mais cativantes e expressivos dados em aula até ao momento. Desde o vídeo que explicava que sentimentos associamos às cores até à história do pequeno Flirck.
A verdade é que adoramos a história e realmente além de nos identificarmos com ela em certos momentos da nossa vida, fez-nos perceber que todas as cores são importantes.
Já o vídeo, fez-nos refletir sobre o significado das cores e como é que elas são usadas.
Isto, deu-me uma ideia, a mim, Filipa Albergaria, um dos membros do grupo. Achei interessante aqui, na minha casa do Porto, ir à busca das cores e tentar associa-las.
O resultado foi este:





Vermelho

Encontrei o vermelho, preferencialmente, em objetos ligados à emoção, principalmente o amor. A fita que envolve a carta para uma pessoa especial, o batom vermelho, o chupa-chupa em forma de coração são apenas exemplos de como esta cor está associada a um dos mais belos sentimentos humanos: o amor.





Laranja

Cor que geralmente associo ao calor e conforto. Encontrei-a nas laranjas com que fazemos um sumo natural principalmente no verão. Encontrei-a na toalha do fogão, nas especiarias mais picantes, nas tostas que ficam sempre bem com um chã bem quentinho. Enfim, tudo remete para o quente, o calor e o conforto.





Amarelo

Associada à energia. Encontrei-o no chã de camomila, no Nesquik e no limão. Nesquik porque é uma bebida energética que nos dá força para a ação. Chã porque é algo revitalizante. Limão porque limonada está associada à sede. Se temos sede é porque ou praticamos exercício físico ou nos cansamos por alguma razão, gastamos energias.






Verde


Associada à natureza. Encontrei-a primeiro na paisagem que visualizo da minha janela. De lá vejo plantas esverdeadas e árvores. Seguidamente, encontrei-a em produtos que provêm da natureza: no leite, na maçã, nas tostinhas de milho e em suplementos alimentares como vitaminas. No fundo, tudo o que nos remete para algo natural.













Azul

Associado à frescura, por um lado, ao profissionalismo, por outro, e ainda ao light. Quanto á frescura encontrei azul nos produtos de higiene, de limpeza da casa e na cestas das molas de pendurar a roupa lavada. Quanto ao profissionalismo, encontrei-o nas canetas, na caixa da máquina fotográfica, nas medalhas hípicas e nas credencais de imprensa. Por fim, reparei que todos os produtos light possuiam a cor azul associada.
















Roxo 

Talvez a cor que na altura da visualização do vídeo me chamou mais à atenção. No tal vídeo, associaram ao roxo a magia. A verdade é que quando me deparei para escolher uma cor para o meu quarto aqui no Porto escolhi o roxo. Não sabia explicar o porquê, mas sentia-me bem com ela. Agora descobri eu adoro a magia do mundo, da vida e por isso o meu quarto teria que representar isso mesmo. 








Exercício Acéfalo




Artistas e tipografia 

Chegamos a uma fase do nosso projeto que é necessário inspiração. São as ideias únicas e "out of the box" que fazem um trabalho destacar-se dos outros. Para que isso aconteça temos de passar por um processo de conhecimento dos trabalhos existentes e observação de diferentes modos de conceção, de interpretação e exposição de ideias topográficas. Esta etapa é sobretudo para estimular a nossa imaginação para que o nosso modo de criação comece a fluir e para que vinculemos a nossa identidade visual no que toca à tipografia.
Com esse objetivo fomos pesquisar alguns trabalhos de artistas que estão ligados de uma forma, ou de outra à tipografia.
Fiquem aqui com alguns exemplos que achamos interessantes visualmente e que culminaram em tipografias muito bem conseguidas.


Lawrence Weiner-Crushed



 ~













Joseph Kosuth









Christopher Wool











Damien Hirst 
















"Tarik, bem-vindo ao pólo de Ciências da Comunicação"


Na passada segunda-feira, no horário destinado à aula de Design e Comunicação Visual tivemos uma agradável surpresa. O professor presenteou-nos com uma palestra de um compositor que também desenvolve software, o seu nome é Tarik Barri. Sintaticamente, Tarik cria música e associa-a a uma imagem, cria a imagem que segue a música.
Durante a apresentação Tarik contou a sua história de vida e profissional. Começou por dizer que nasceu na Holanda, mas, que atualmente, vive nem Berlim. Desde cedo começou a programar e elaborar música eletrónica. Após lançar a sua primeira faixa como estudante de psicologia biológica, ele pediu transferência para a Utrecht School of Arts para obter um diploma em design de aúdio. Aqui fica um vídeo que o próprio deu à Crack Magazine a falar sobre si e sobre o seu trabalho. Espero que gostem!












Depois de uma breve apresentação de si próprio, Barri demonstrou-nos como processa o seu trabalho, fazendo várias demonstrações com diferentes formas de o realizar. As fotos que acompanham esta publicação são referentes a este momento da palestra.

Concluímos, então, que o contacto com este artista nos fumentou o desenvolvimento da nossa imaginação e nos permitiu ter contacto com ideias "out of the box". Foi, sem dúvida, uma experiência fantástica e enriquecedora e que nos ajuda em qualquer campo da nossa atividade profissional! A imaginação e criação acompanham-nos durante toda a nossa vida!





















Processo criativo de elaboração de diversas tipografias



Após determos todos os conhecimentos teóricos, termos recorrido à interpretação da música e de buscarmos inspiração em artistas e outros trabalhos já elaboramos, partimos para a realização da tipografia propriamente dita. 

Com base nos sentimentos que associamos à música, começamos por decidir quais as cores bases das nossas criações. A nossa escolha recaiu sobre o vermelho, preto e branco. O preto porque representa algo negativo, branco algo fluido e que tem uma conotação positiva, vermelho associado à proibição. De seguida, escolhemos os tipos de letras que iriam estar presentes face ao que queríamos transmitir com a nossa tipografia. O tamanho das letras também se revela algo essencial. Letras maiores representam uma ideia mais relevante e marcante do poema, que se sobrepõe a todas outras. Letras mais pequenas simbolizam algo menos valorizado, muito a dizer ou algo fluído.
 A organização geral do nosso trabalho, ou seja, a disposição de todos os elementos, foi surgindo com base em ideias dos elementos do grupo. O objetivo era sempre representar através da estética das letras o que para nós representava o poema selecionado. Até chegarmos ao resultado final, elaboramos um conjunto de tipografias que achamos que representava "O poema à boca fechada" na perfeição. 
Inicialmente, ainda estávamos à descoberta desta nova parte do design e foi mais complicado criar a ideia pensada mentalmente, progressivamente foi-se tornando mais simples.
Aqui ficam, então, algumas das tipografias elaboradas.





















































´














Artistas que nos inspiraram 

Após apresentarmos alguns dos nossos projetos, vamos agora enumerar alguns dos artistas que nos serviram de inspiração juntamente com os trabalhos que nos marcaram e que iam de acordo com aquilo que pretendíamos. É de elevada importância a visualização de trabalhos elaborados por designers, para nos servir de base e começarmos a percecionar as formas de organização de ideias de modo a formar o todo. Neville Brody e David Carson foram sem dúvida os artistas que ais nos ajudaram na criação das nossas tipografias. Além de possuírem o estilo de tipografia que desejávamos, ainda incluíam nelas as cores que selecionamos para a nossa. 
Fiquem agora com alguns dos trabalhos tipográficos que mais nos influenciaram.


Neville Brody




























David Corson




























Escolha da tipografia

Não foi fácil, melhor, foi mesmo muito difícil. Após elaborarmos uma série de tipografias caímos numa indecisão de qual delas gostaríamos mais.  Após uma breve discussão, chegamos à conclusão de que haviam duas que se destacavam e que iam mais de encontro com aquilocom o que desejávamos transmitir. A decisão entre as duas é que se tornou realmente difícil. Ambas nos diziam muito e passámos horas a tentar chegar a um consenso. Pedido opinião à nossa volta, mas os pontos de vista divergiam. 
Chegada a hora da verdade , acabamos por escolher a que apresentava um impacto maior a nível visual. No entanto, adoramos a outra da mesma maneira que a escolhida.
as, a tipografia escolhida é a que se encontra , aqui, em segundo lugar. 

~




Edição em Photoshop e Illustrator






Primeiramente, em Illustrator, criamos uma página em branco, formato A4. Mudamos a cor dela para vermelho. Após este passo, com a ferramenta de texto escrevi um "N" e aumenteio de forma a ocupar a página. O passo seguinte, foi a escrita de todos os versos dos poema em letra de tamanho pequeno e a branco. Seguidamente, inclinei os versos de forma diferente de modo a preencherem o "N" completamente.





Nesta etapa, escrevi com a ferramenta de texto a palavra "Direi", coloquei o "D" e o "I" a preto, e o resto da palavra a branco. Deformei o "E" e aumentei de tal forma a palavra até esta sair fora dos limites do suporte A4. Depois com a ferramenta de máscara de recorte, cortei o que saía fora do domínio.




Com a ferramenta de texto escrevi a palavra "Não", aumentei-a ainda mais que a palavra "Direi". Fiz, o mesmo procedimento que anteriormente, coloquei-a na folha A4 e cortei as partes da palavra que saíam fora das suas margens.




Por fim, juntamos as peças todas de forma a delinear  todo. Este foi o aspeto final. Concluímos a edição com a passagem desta imagem para  Photoshop, guardando-a em formato PNG.


Resultado Final







Interpretação geral

O poema selecionado "Poema à boca fechada" de José Saramago, tal como referido anteriormente, transmite uma mensagem muito forte. O texto quer transpor os sentimentos emanados pelo eu poético que tantas vezes foi ignorado, foi esquecido e desprezado. Agora não quer falar. Aliás ele mesmo exige a si próprio que não abra a boca. A nossa interpretação recai no facto de ele ter-se cansado de ser criticado e não valorizado que chega a um momento de exaustão. "Não direi", é o que vincula diversas vezes ao longo do poema. Os versos mostram o seu pensamento. O próprio diz que é incompreendido e que neste momento as pessoas nem sequer merecem ouvir uma palavra da sua boca. Mas, entretanto, um problema está a ser gerado. Ele está a ficar sufocado com aquilo que queria expressar mas que proibiu a si mesmo de o fazer.
No entanto, os ânimos abrandam no último parágrafo e o sujeito poético assume que, afinal, existem algumas pessoas que merecem ouvi-lo e que merecem também ser ouvidas. Esses indivíduos são aqueles que se mantiveram em silêncio no momento em que ele estava calado. É a única oportunidade que este tem de se expressar ao mundo e é, aqui, que o poema se suaviza e apresenta um lado mais positivo.
Como podemos observar tínhamos uma diversidade de sentimentos, ideias, emoções para expressar com ajuda da estética das letras e palavras.
Começamos por idealizar o conceito base de qual o impacto que queríamos provocar na pessoa que visualiza-se a tipografia. Chegamos à conclusão que queríamos que o impedimento de falar, por parte do poeta, transparece-se. Mas, ao mesmo tempo, representar o sufoco do seu pensamento que queria ser expressado e está reprimido. Por fim, teríamos uma parte que remeteria para o último parágrafo, ou seja, algo mais reconfortante e libertador, a parte mais positiva da tipografia.
Pusemos mãos à obra e o resultado foi a da tipografia apresentada como escolhida.
O impedimento está representado na nossa tipografia por o "Não" que está a sair fora do domínio da folha A4. Esse facto tenta remeter para o facto de ser o ideal mais defendido ao longo do poema. Esta palavra ao sair fora da página, expressa a grandiosidade e o impacto que o silêncio, a proibição de falar tem na vida do sujeito. O "N" no background também funciona como uma prisão das palavras que querem ser ditas. Os versos escritos a branco e a letras pequeninas são os pensamentos que querem ser expressos e fluir mas estão "aprisionados" dentro no "N".
Finalmente, o "Direi" na front line, a branco, apresenta-se como representação do último parágrafo e como a solução de parte da sua censura própria: encontrou alguém que mereça ouvi-lo.
A página ao ser de cor vermelha pretende marcar fortemente a componente visual da tipografia e transmitir a ideia principal de proibição presente no poema. Tal como o próprio poema diz, este poema é "à boca fechada".



Escolha das cores


Para além da tipografia, também a cor se revela fundamental. Na comunicação impressa, é um elemento essencial para a transmissão da mensagem, mas também para captar a atenção do público. Deve encontrar-se em sintonia com a tipografia e relacionar-se com o texto e os elementos gráficos presentes.Para representar o poema escolhido, utilizamos a cor preta, vermelha e branca. O “Poema a Boca Fechada” retrata alguém que se encontra impedido de dizer aquilo que pensa, “Calado estou, calado ficarei/Pois que a língua que falo é doutra raça” (versos 2 e 3), tendo por isso a cor vermelha sido utilizada como fundo- a boca. No entanto, as palavras, representadas a branco, não conseguem passar para o exterior, encontrando-se “amordaçadas” pelo preto.
 De uma forma geral, o vermelho é a cor mais quente e mais dinâmica pelo que, automaticamente, causa emoção e aumenta a intensidade. A cor branca está associada à paz, à pureza e à limpeza. É reconhecida como a “cor da luz”, proporcionando uma clareza total. Assim seriam as palavras do autor se pudessem ser transmitidas: puras, claras e a “luz ao fundo do túnel”. Porém, como a “língua” que ele fala é “doutra raça”, nem sequer chegam a ser ditas. Neste sentido, a cor preta representa a morte das mesmas, mas também a solidão, o isolamento e o silêncio que sufoca o autor. A junção destas 3 cores é visualmente apelativa e acaba por fornecer à mensagem uma força indescritível.











Diferentes tipos de letra


Incluímos nesta tipografia apenas dois tipos de letras distintos: a Stencil e a Tahoma.
Usamos o tipo de letra Tahoma em dois momentos. Primeramente, na escrita dos versos de todo o poema que se encontram "aprisionados" no "N". Seguidamente, usá-mo-la também para esrever a palavra direi que se encontra definida a grandes dimensões. Apesar da Tahoma ser utilizada em tamanhos diferentes e cores diferentes, apresentam algo em comum: o facto de remeterem para a parte positiva do poema. Tanto as letrinhas pequeninas a branco a simbolizarem os pensamentos do sujeito poético que querem sair do seu "casulo" como o "DIREI" na "front line" da tipografia transportam consigo uma conotação positiva, mais fluída e leve. O facto de querermos transparecer estas características fez com que a nossa escolha quanto ao tipo de letra, neste caso, recaísse para a Tahoma. A sua simplicidade de escrita, traços bem definidos, mas não agressivos, foram aspectos que nos levaram a escolhê-la para refletir os sentimentos pretendidos.
Quanto à Stencil, usá-mo-la apenas para escrever o "N" aprisionador e o "não" agressivo. Stencil é um tipo de letra que apesar de ser arredondada contém traços invisíveis que as cortam em porções. Este traço faz com que a letra expresse certeza, punição, impedimento, proibição, autoridade. Estas particularidades ainda foram mais enaltecidas quanto o tamanho da letra utilizado foi de grandes dimensões. O "não" tornou-se agressivo , quase como ameaçador e proibitório e o "N", que aprisiona os versos que não conseguem ser transmitidos, encontra-se firme, convicto e forte para aguentar com toda a pressão imposta pelas palavras que buscam liberdade.
Além deste ponto, este tipo de letra é muito parecida à usada pela censura na época Salazarista para censurar livros, notícias, artigos. O carimbo que pintavam nestes textos censurados apresentava cor avermelhada e utilizava um tipo de letra semelhante. Também por este ponto de vista, o Stencil se enquadra no género de letra que necessitávamos para retratar o assunto fulcral do poema: a abstenção da fala.




Tamanho das letras


 Quanto ao tamanho das letras, a escolha não foi difícil. A expressão "Não direi" teria, claramente, que estar destacada. Representa as palavras não ditas, o sufoco do autor, o silêncio. Expressa a proibição e, juntamente com a cor negra, realça o negativismo do poema. Para além disso, o tamanho excessivo da letra causa um maior impacto no público-alvo, chamando a sua atenção, e contribuiu para uma melhor transmissão da mensagem.

As restantes palavras, que se encontram em branco, têm um tamanho menor. Uma vez que elas nunca chegaram a ser partilhadas, decidimos sublinhar a ideia de que acabaram por se acumular e a sua passagem é impedida pelo “Não”, sendo por essa razão que este é o elemento que sobressai. 









Conclusão


Se reparamos, nos primórdios da nossa existência, na infância, no nosso primeiro contacto com as letras, não lhes atribuímos um significado, mas sim, associá-mo-las a um conjunto de linhas rabiscadas com uma estética única. Ou seja, numa primeira aprendizagem é-nos dado contacto tipográfico, pois existe uma maior facilidade de compreensão do que se pretende transmitir, quando visualmente o significado está presente.  Mais tarde, esses rabiscos passam a ser associados a conceitos, e a estética das pequenas letras caligrafadas perde parte do poder que contém.
E, depois, aparece-nos este projeto, inserido na Unidade Curricular de Desifn e Comunicação Visual, nos faz abrir os olhos e e viajar no tempo para voltarmos à essência da letra com todas as suas potencialidades. Faz-nos perceber que uma só letra pode refletir o conteúdo de um texto com 500 caracteres. Faz-nos, realmente, remeter para uma observação do mundo que nos rodeia. Talvez, no nosso dia-a-dia, tudo o que nos é transmitido por publicidade, por exemplo, tem mais teor tipográfico do que realmente o impacto das palavras com o significado tradicional.
Concluímos, por fim, que este projeto foi extremamente interessante e desafiante, dando-nos um imenso prazer realizá-lo. Voltámos a mostrar que o impacto estético pode, realmente, sobrepor-se a qualquer outro. A visão é um dos sentidos mais apurados e que nos remetem no imediato para a emoção. A nossa tipografia representa o conteúdo de um poema, sem que haja a leitura do mesmo. O poder da cor, imagem, letra e o todo falam por si. Por todos estes motivos, acho que os objetivos deste projeto número dois foram alcançados com sucesso.





Sem comentários:

Enviar um comentário