quarta-feira, 5 de abril de 2017

Projeto #2 - Conclusão



Se reparamos, nos primórdios da nossa existência, na infância, no nosso primeiro contacto com as letras, não lhes atribuímos um significado, mas sim, associá-mo-las a um conjunto de linhas rabiscadas com uma estética única. Ou seja, numa primeira aprendizagem é-nos dado contacto tipográfico, pois existe uma maior facilidade de compreensão do que se pretende transmitir, quando visualmente o significado está presente.  Mais tarde, esses rabiscos passam a ser associados a conceitos, e a estética das pequenas letras caligrafadas perde parte do poder que contém.
E, depois, aparece-nos este projeto, inserido na Unidade Curricular de Desifn e Comunicação Visual, nos faz abrir os olhos e e viajar no tempo para voltarmos à essência da letra com todas as suas potencialidades. Faz-nos perceber que uma só letra pode refletir o conteúdo de um texto com 500 caracteres. Faz-nos, realmente, remeter para uma observação do mundo que nos rodeia. Talvez, no nosso dia-a-dia, tudo o que nos é transmitido por publicidade, por exemplo, tem mais teor tipográfico do que realmente o impacto das palavras com o significado tradicional.
Concluímos, por fim, que este projeto foi extremamente interessante e desafiante, dando-nos um imenso prazer realizá-lo. Voltámos a mostrar que o impacto estético pode, realmente, sobrepor-se a qualquer outro. A visão é um dos sentidos mais apurados e que nos remetem no imediato para a emoção. A nossa tipografia representa o conteúdo de um poema, sem que haja a leitura do mesmo. O poder da cor, imagem, letra e o todo falam por si. Por todos estes motivos, acho que os objetivos deste projeto número dois foram alcançados com sucesso.




Projeto #2 - Tamanho das letras

Quanto ao tamanho das letras, a escolha não foi difícil. A expressão “Não direi” teria, claramente, que estar destacada. Representa as palavras não ditas, o sufoco do autor, o silêncio. Expressa a proibição e, juntamente com a cor negra, realça o negativismo do poema. Para além disso, o tamanho excessivo da letra causa um maior impacto no público-alvo, chamando a sua atenção, e contribuiu para uma melhor transmissão da mensagem.

As restantes palavras, que se encontram em branco, têm um tamanho menor. Uma vez que elas nunca chegaram a ser partilhadas, decidimos sublinhar a ideia de que acabaram por se acumular e a sua passagem é impedida pelo “Não”, sendo por essa razão que este é o elemento que sobressai. 





terça-feira, 4 de abril de 2017

Projeto #2 - Diferentes tipo de letras

Incluímos nesta tipografia apenas dois tipos de letras distintos: a Stencil e a Tahoma.
Usamos o tipo de letra Tahoma em dois momentos. Primeramente, na escrita dos versos de todo o poema que se encontram "aprisionados" no "N". Seguidamente, usámo-la também para escrever a palavra direi que se encontra definida a grandes dimensões. Apesar da Tahoma ser utilizada em tamanhos diferentes e cores diferentes, apresentam algo em comum: o facto de remeterem para a parte positiva do poema. Tanto as letrinhas pequeninas a branco a simbolizarem os pensamentos do sujeito poético que querem sair do seu "casulo" como o "DIREI" na "front line" da tipografia transportam consigo uma conotação positiva, mais fluída e leve. O facto de querermos transparecer estas características fez com que a nossa escolha quanto ao tipo de letra, neste caso, recaísse para a Tahoma. A sua simplicidade de escrita, traços bem definidos, mas não agressivos, foram aspectos que nos levaram a escolhê-la para refletir os sentimentos pretendidos.
Quanto à Stencil, usámo-la apenas para escrever o "N" aprisionador e o "não" agressivo. Stencil é um tipo de letra que apesar de ser arredondada contém traços invisíveis que as cortam em porções. Este traço faz com que a letra expresse certeza, punição, impedimento, proibição, autoridade. Estas particularidades ainda foram mais enaltecidas quanto o tamanho da letra utilizado foi de grandes dimensões. O "não" tornou-se agressivo , quase como ameaçador e proibitório e o "N", que aprisiona os versos que não conseguem ser transmitidos, encontra-se firme, convicto e forte para aguentar com toda a pressão imposta pelas palavras que buscam liberdade.
Além deste ponto, este tipo de letra é muito parecida à usada pela censura na época Salazarista para censurar livros, notícias, artigos. O carimbo que pintavam nestes textos censurados apresentava cor avermelhada e utilizava um tipo de letra semelhante. Também por este ponto de vista, o Stencil se enquadra no género de letra que necessitávamos para retratar o assunto fulcral do poema: a abstenção da fala.





Projeto #2 - Escolha das cores

Para além da tipografia, também a cor se revela fundamental. Na comunicação impressa, é um elemento essencial para a transmissão da mensagem, mas também para captar a atenção do público. Deve encontrar-se em sintonia com a tipografia e relacionar-se com o texto e os elementos gráficos presentes.
       Para representar o poema escolhido, utilizamos a cor preta, vermelha e branca. O “Poema a Boca Fechada” retrata alguém que se encontra impedido de dizer aquilo que pensa, “Calado estou, calado ficarei/Pois que a língua que falo é doutra raça” (versos 2 e 3), tendo por isso a cor vermelha sido utilizada como fundo- a boca. No entanto, as palavras, representadas a branco, não conseguem passar para o exterior, encontrando-se “amordaçadas” pelo preto.
       De uma forma geral, o vermelho é a cor mais quente e mais dinâmica pelo que, automaticamente, causa emoção e aumenta a intensidade. A cor branca está associada à paz, à pureza e à limpeza. É reconhecida como a “cor da luz”, proporcionando uma clareza total. Assim seriam as palavras do autor se pudessem ser transmitidas: puras, claras e a “luz ao fundo do túnel”. Porém, como a “língua” que ele fala é “doutra raça”, nem sequer chegam a ser ditas. Neste sentido, a cor preta representa a morte das mesmas, mas também a solidão, o isolamento e o silêncio que sufoca o autor. A junção destas 3 cores é visualmente apelativa e acaba por fornecer à mensagem uma força indescritível. 









Projeto #2 - Interpretação geral


O poema selecionado "Poema à boca fechada" de José Saramago, tal como referido anteriormente, transmite uma mensagem muito forte. O texto quer transpor os sentimentos emanados pelo eu poético que tantas vezes foi ignorado, foi esquecido e desprezado. Agora não quer falar. Aliás ele mesmo exige a si próprio que não abra a boca. A nossa interpretação recai no facto de ele ter-se cansado de ser criticado e não valorizado que chega a um momento de exaustão. "Não direi", é o que vincula diversas vezes ao longo do poema. Os versos mostram o seu pensamento. O próprio diz que é incompreendido e que neste momento as pessoas nem sequer merecem ouvir uma palavra da sua boca. Mas, entretanto, um problema está a ser gerado. Ele está a ficar sufocado com aquilo que queria expressar mas que proibiu a si mesmo de o fazer. No entanto, os ânimos abrandam no último parágrafo e o sujeito poético assume que, afinal, existem algumas pessoas que merecem ouvi-lo e que merecem também ser ouvidas. Esses indivíduos são aqueles que se mantiveram em silêncio no momento em que ele estava calado. É a única oportunidade que este tem de se expressar ao mundo e é, aqui, que o poema se suaviza e apresenta um lado mais positivo.
Como podemos observar tínhamos uma diversidade de sentimentos, ideias, emoções para expressar com ajuda da estética das letras e palavras.
Começamos por idealizar o conceito base de qual o impacto que queríamos provocar na pessoa que visualiza a tipografia. Chegamos à conclusão que queríamos que o impedimento de falar, por parte do poeta, transparece-se. Mas, ao mesmo tempo, representar o sufoco do seu pensamento que queria ser expressado e está reprimido. Por fim, teríamos uma parte que remeteria para o último parágrafo, ou seja, algo mais reconfortante e libertador, a parte mais positiva da tipografia.
Pusemos mãos à obra e o resultado foi a da tipografia apresentada como escolhida.
O impedimento está representado na nossa tipografia por o "Não" que está a sair fora do domínio da folha A4. Esse facto tenta remeter para o facto de ser o ideal mais defendido ao longo do poema. Esta palavra ao sair fora da página, expressa a grandiosidade e o impacto que o silêncio, a proibição de falar tem na vida do sujeito. O "N" no background também funciona como uma prisão das palavras que querem ser ditas. Os versos escritos a branco e a letras pequeninas são os pensamentos que querem ser expressos e fluir mas estão "aprisionados" dentro no "N".
Finalmente, o "Direi" na front line, a branco, apresenta-se como representação do último parágrafo e como a solução de parte da sua censura própria: encontrou alguém que mereça ouvi-lo.

A página ao ser de cor vermelha pretende marcar fortemente a componente visual da tipografia e transmitir a ideia principal de proibição presente no poema. Tal como o próprio poema diz, este poema é "à boca fechada".

Projeto #2 - Resultado Final





Projeta #2 - Edição em Illustrator e Photoshop



Primeiramente, em Illustrator, criamos uma página em branco, formato A4. Mudamos a cor dela para vermelho. Após este passo, com a ferramenta de texto escrevemos um "N", aumentando-o de forma a ocupar a página. O passo seguinte, foi a escrita de todos os versos do poema em letra de tamanho pequeno e a branco. Seguidamente, inclinamos os versos de forma diferente de modo a preencherem o "N" completamente.





Nesta etapa, escrevemos com a ferramenta de texto a palavra "Direi", colocamos o "D" e o "I" a preto, e o resto da palavra a branco. Deformamos o "E" e aumentamos de tal forma a palavra até esta sair fora dos limites do suporte A4. Depois com a ferramenta de máscara de recorte, cortamos o que saía fora do domínio.




Com a ferramenta de texto escrevemos a palavra "Não", aumentando ainda mais que a palavra "Direi". Fizemos, o mesmo procedimento que anteriormente, colocando-a na folha A4 e cortamos as partes da palavra que saíam fora das suas margens.




Por fim, juntamos as peças todas de forma a delinear  todo. Este foi o aspeto final. Concluímos a edição com a passagem desta imagem para  Photoshop, guardando-a em formato PNG.

Projeto #2 - Escolha da tipografia


Não foi fácil, melhor, foi mesmo muito difícil. Após elaborarmos uma série de tipografias caímos numa indecisão de qual delas gostaríamos mais.  Após uma breve discussão, chegamos à conclusão de que haviam duas que se destacavam e que iam mais de encontro com aquilocom o que desejávamos transmitir. A decisão entre as duas é que se tornou realmente difícil. Ambas nos diziam muito e passámos horas a tentar chegar a um consenso. Pedido opinião à nossa volta, mas os pontos de vista divergiam. 
Chegada a hora da verdade , acabamos por escolher a que apresentava um impacto maior a nível visual. No entanto, adoramos a outra da mesma maneira que a escolhida.
as, a tipografia escolhida é a que se encontra , aqui, em segundo lugar. 

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Projeto #2 - Artistas que nos inspiraram


Após apresentarmos alguns dos nossos projetos, vamos agora enumerar alguns dos artistas que nos serviram de inspiração juntamente com os trabalhos que nos marcaram e que iam de acordo com aquilo que pretendíamos. É de elevada importância a visualização de trabalhos elaborados por designers, para nos servir de base e começarmos a percecionar as formas de organização de ideias de modo a formar o todo. Neville Brody e David Carson foram sem dúvida os artistas que ais nos ajudaram na criação das nossas tipografias. Além de possuírem o estilo de tipografia que desejávamos, ainda incluíam nelas as cores que selecionamos para a nossa. 
Fiquem agora com alguns dos trabalhos tipográficos que mais nos influenciaram.


Neville Brody




























David Corson