Incluímos nesta tipografia apenas
dois tipos de letras distintos: a Stencil e a Tahoma.
Usamos o tipo de letra Tahoma em dois
momentos. Primeramente, na escrita dos versos de todo o poema que se encontram
"aprisionados" no "N". Seguidamente, usámo-la também para
escrever a palavra direi que se encontra definida a grandes dimensões. Apesar da
Tahoma ser utilizada em tamanhos diferentes e cores diferentes, apresentam algo
em comum: o facto de remeterem para a parte positiva do poema. Tanto as
letrinhas pequeninas a branco a simbolizarem os pensamentos do sujeito poético
que querem sair do seu "casulo" como o "DIREI" na
"front line" da tipografia transportam consigo uma conotação
positiva, mais fluída e leve. O facto de querermos transparecer estas
características fez com que a nossa escolha quanto ao tipo de letra, neste
caso, recaísse para a Tahoma. A sua simplicidade de escrita, traços bem
definidos, mas não agressivos, foram aspectos que nos levaram a escolhê-la para
refletir os sentimentos pretendidos.
Quanto à Stencil, usámo-la apenas
para escrever o "N" aprisionador e o "não" agressivo.
Stencil é um tipo de letra que apesar de ser arredondada contém traços
invisíveis que as cortam em porções. Este traço faz com que a letra expresse
certeza, punição, impedimento, proibição, autoridade. Estas particularidades
ainda foram mais enaltecidas quanto o tamanho da letra utilizado foi de grandes
dimensões. O "não" tornou-se agressivo , quase como ameaçador e
proibitório e o "N", que aprisiona os versos que não conseguem ser
transmitidos, encontra-se firme, convicto e forte para aguentar com toda a
pressão imposta pelas palavras que buscam liberdade.
Além deste ponto, este tipo de letra é muito parecida à
usada pela censura na época Salazarista para censurar livros, notícias,
artigos. O carimbo que pintavam nestes textos censurados apresentava cor
avermelhada e utilizava um tipo de letra semelhante. Também por este ponto de
vista, o Stencil se enquadra no género de letra que necessitávamos para
retratar o assunto fulcral do poema: a abstenção da fala.
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